Comunicação instantânea e o respeito ao tempo do outro
- GRAZIANO ANDRADE
- 25 de jul.
- 2 min de leitura

Ninguém nos preparou para os áudios longos do WhatsApp. Ninguém ensinou, ninguém falou, apenas fomos sendo condicionados, de repente, a usar uma ferramenta que acelerou (literalmente) nossa forma de comunicar. Mas que tal conversarmos sobre isso e criarmos, juntos, algumas pequenas regras de boa convivência? Assim, evitamos reclamações e passamos a pensar em soluções.
Regra básica para assuntos banais ou pessoais: até 1 minuto.
Regra básica para assuntos profissionais: até 2 minutos, no máximo.
Convivo com inúmeros profissionais e a queixa é recorrente: falta paciência para ouvir áudios longos. Mas, por educação ou hierarquia, muita gente se sente obrigada a ouvir, ou acelerar. Que bom que existe o botão 1.5x… mas será que estamos entendendo mesmo o que o outro quis dizer? Ou só estamos reagindo com uma resposta genérica, por pura obrigação? Precisamos trazer essa pauta à tona.
Sempre gosto de lembrar da analogia dos vizinhos: ninguém simplesmente entra na casa do outro sem avisar. Eu, pelo menos, não faço isso. Se quero conversar, aviso. E, se a pessoa não responde, respeito o silêncio até que ela possa retornar.
Então, por que esperamos respostas imediatas o tempo todo, para tudo?
Falo sobre isso porque, nesta semana, recebi um áudio de quase dez minutos, sim, acreditem. Eu ouvia, acelerava, voltava… e a informação que eu precisava estava bem no meio. Confesso: foram dez minutos intermináveis.Mas a pergunta que ficou foi: por que tanta falta de noção?
A verdade é que não fomos educados para essa era. A comunicação instantânea, somada à ansiedade e à necessidade de resolver tudo pra ontem, tem nos feito perder o senso crítico. É um caminho perigoso, e que, infelizmente, tende a se intensificar com o avanço da Inteligência Artificial.
Por isso, deixo aqui um desejo sincero:
Que cada leitor compreenda que a tecnologia é, sim, maravilhosa e um instrumento poderoso de trabalho. Mas ela exige mais que agilidade: exige cordialidade, empatia, bom senso, paciência e educação. Afinal, do outro lado sempre existe um ser humano com tempo ou sem. Com limites. Com sentimentos. Com ou sem energia para responder.
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